sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A abelha

A abelha que, voando, freme sobre
A colorida flor, e pousa, quase
Sem diferença dela
À vista que não olha,
Não mudou desde Cecrops.
Só quem vive
Uma vida com ser que se conhece
Envelhece, distinto
Da espécie de que vive.
Ela é a mesma que outra que não ela.
Só nós — ó tempo, ó alma, ó vida, ó morte! —
Mortalmente compramos
Ter mais vida que a vida.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

MUNDO INTERIOR

Amava seu mundo interior, caos selvagem,
bosque antiquíssimo e adormecido, sobre cujo
silencioso despenhar verde-luz, seu coração
se erguia. Amava. Abandonado, as próprias raízes mergulhou
na origem poderosa, onde sobrevivia seu pequeno nascimento.
Desceu, amando, ao sangue mais antigo, ao abismo
onde jaz o Espanto, regurgitado pelos ancestrais.

...

"Também do lado pessoal a arte afinal é uma vida eleveda. Ela torna mais profundamente feliz, ela consome mais rapidamente. Ela sulca no rosto de seu criado os ratros de aventuras imaginárias e espirituais e ela produz, com o decorrer do tempo, mesmo em monástico silêncio de existência exterior um ânimo, uma supersensibilidade, um cansaço e uma curiosidade dos nervos que uma vida cheia de dissolutas paixões e prazeres não consegue produzir."
(Thomas Mann, A morte em Veneza)